Imagem daqui. |
Tem também aqueles que deveriam fazer uma saidinha temporária e não voltam mais: desaparecem, são assassinados, sofrem algum acidente fatal. Dizem que não há dor pior que a de perder um filho, mesmo aquele que ainda nem nasceu, que está crescendo na barriga, aguardando o momento de sair. Deve ser verdade.
Nenhuma gestação é igual à outra, certo? Pois dessa segunda vez, tive diversos pequenos sangramentos: comum, porém não normal. Pois bem: eu ia à emergência, o plantonista olhava o bebê e aparentemente estava tudo certo: recomendavam repouso e pronto, eu voltava pra casa, aliviada por ver meu bebê lá em seu lugar, aquele corpinho minúsculo se movimentando e com um coração batendo, cheio de vida.
Mas havia sempre uma pequena pulga atrás da orelha: por que esses sangramentos? Rapidamente encontrava lembranças de episódios semelhantes, acontecidos com conhecidas minhas, e a pulga saía.
Recentemente, no entanto, tive cólicas fortíssimas que me fizeram interromper uma viagem de trabalho para ir novamente à emergência. Uma colega do trabalho dirigiu destemidamente pela BR 101 até a Perinatal, de onde só saiu quando me viu devidamente colocada no setor de emergência. Estou lhe devendo uma pra sempre.
Em pouco tempo fui atendida. Quando fizeram a última ultrassonografia, vi aquele corpinho antes tão serelepe sem movimento. Deve estar dormindo, pensei. A médica que me atendeu disse:
- Mãe, ele está no colo do útero. Não tem como te dizer de outra forma, mas seu coraçãozinho já não bate mais. Seu corpo está expelindo o feto. Ele deve estar morto há uns dois ou três dias, porque seu tamanho não bate com a idade gestacional.Me desandei em lágrimas. Se há três meses antes chorei por saber que estava grávida novamente, desta vez chorei ainda mais. Poucas coisas são mesmo comparáveis a perder um filho.
Sei que no primeiro trimestre, em geral isso acontece por má formação do feto. Mas e daí? Qual a mãe que consegue racionalizar isso, depois de ver sua barriga crescer, de ver o nenê se mexer na ultra?
Fui encaminhada rapidamente para o centro cirúrgico. Na maternidade, estavam três anjos da guarda: meu marido, que esteve ao meu lado todo o tempo, minha atual obstetra, Dra. Angélica, e o obstetra que acompanhou o pré-natal da minha primeira filha. Ela fez todos os procedimentos com sua equipe nota dez, e ele, Dr. Paulo César, gentilmente foi me visitar, em todos os momentos que sua rotina permitiu.
Agora, meu ninho interno se encontra vazio novamente. Do meu coração, parece que caiu um pedaço. A dor física gerada pela aspiração e pela ocitocina não se comparam à tristeza que estou sentindo.
Mas sei que devo olhar pra frente: a vida continua, não é mesmo? Então vamos ver o que mais ela me reserva. Afinal, depois da tempestade, vem sempre um céu azul, e é por ele que estou esperando agora.
Arco-íris primário e secundário com faixa negra de Alexander (Primary and secondary rainbow with Alexander's dark band) imagem daqui. |
Sigried, fiquei tão triste qdo o Elcio me contou, queria falar com vc na mesma hora, mas estava tão difícil encontrar palavras...Agora lendo seu blog fiquei lembrando do dia que vc estava aqui em casa pensando e desenhando o novo quarto para as crianças...tb não pude conter minhas lágrimas! É tão legal qdo uma uma amiga fica grávida, estava tão feliz por vc! Já imaginava a gente na nossa rotina de MOPI, os encontros da Beatrice e da Luisa, as festinhas... e vc, linda, com um barrigão! Apesar das lágrimas continuo muito feliz por vc, pelo que escreveu, não deve ter sido fácil assim como não está sendo fácil este momento. Vc é doce, forte e determinada e saberá esperar pelo céu azul com tranquilidade e sabedoria e sei que para uma mãe e amiga maravilhosa como vc o que te espera serão dias cada vez mais coloridos. Vc merece! Beijo grande e fique com Deus.
ResponderExcluirIeda, obrigada pelo carinho de suas palavras. Sei que o céu azul vai chegar. Também já me imaginava diferente, agora estou é com um vazio enorme. Tem horas que consigo relaxar e esquecer um pouco, mas tem horas que lembro de novo e fico transtornada. Escrever me ajuda a aliviar a angustia.
ExcluirAté mesmo durante a tempestade o céu está azul. A gente só não vê. Por conta das nuvens. Mas com tranquilidade e paz no coração, percebemos o sol, sempre a brilhar! Tudo vai pro seu devido lugar! Bjuuuu!
ResponderExcluirValeu, Reinaldo! E vamo que vamo!
Excluir